terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vivendo e aprendendo

No último fim de semana, mais precisamente no dia 1 de janeiro de 2011, fui assistir ao filme "A Rede Social", dirigido por David Fincher, e que conta a história do criador do Facebook, Mark Zuckerberg. As duas coisas juntas, o filme e o fato de ser o primeiro dia do ano, me incentivaram a retomar o meu sempre novamente abandonado blog.

Do lado de ser o primeiro dia do ano pesou aquela coisa de novos propósitos, uma renovada disposição para ter disciplina em todas as frentes de ação, incluindo a disciplina de cuidar melhor do meu blog. Coisa do tipo "de agora pra frente vou escrever mais sistematicamente!". Isso é bom, essa nossa capacidade de fazer, ou ao menos pensar que faz, um "ctrl+alt+del" todas as vezes que o nosso planetinha completa uma volta em torno do Sol. Quase dá pra cantar com o Roberto Carlos "daqui pra frente, tudo vai ser diferente, você tem que aprender a ser gente, o seu orgulho não vale nada...".

Do lado do filme, confesso que fiquei com uma certa inveja daquela espécie de "disciplina na indisciplina" que os meninos de Harvard têm, inclusive para escrever suas bobagens nos blogs. É como se escrevendo no blog eles estivessem planejando e executando simultâneamente suas vidas, numa espécie de superação em tempo real das dicotomias tipo teoria x prática, ação x reflexão, planejamento x execução.

Saí do filme com o metabolismo intelectual afetado. Quase aproveitei a passadinha no banheiro ou o banco da praça de alimentação do Plaza para sacar meu i-Phone e lascar um texto sem pensar muito. Ainda bem que eu estava acompanhado e fui dissuadido de tamanho "automatismo", ou "twittismo" por achar que qualquer 140 toques seriam suficientes pra conter a avalanche de mensagens que, ao menos subjetivamente, eu achava que tinha. Eu parecia o Charlie Chaplin saindo da fábrica e torcendo parafusos imaginários pelo meio da rua.

Enfim, se me contive naquele momento, a minha ansiedade continuou ainda pelos quatro dias que me separam daquela oportunidade e não houve Rivotril que desse jeito de contê-la. Por que a gente sente essas "comichões"? Por que desconfiamos que o novo ano vai ser muito melhor? Será que é porque temos a sensação de que "aprendemos" com o ano que se passou e "aprendemos" num sentido muito mais amplo do que aquele que normalmente damos à palavra, porque aprendemos vivendo e vivemos aprendendo?

Seja lá como for, que bom ter chegado até aqui! Que bom estar começando mais uma voltinha em torno do nosso Astro-Rei! Que bom saber que nessa nova voltinha vai ter verão, outono, inverno e novamente primavera e que os olhos que os verão terão eles mesmos sido alterados pelo aprendizado que tiveram no ano que passou. Tá certa a sabedoria popular quando diz "vivendo e aprendendo".

Um 2011 com muita vida e aprendizagem pra todos!

Um comentário:

  1. Querido mestre, seria muito bom que você racionalizasse menos. Seu texto faz diferença - é prazeiroso e muito interessante. Feliz 2011.

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