quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

C'est la vie!

Longe de mim a idéia de virar crítico de cinema! Falta competência, disciplina, perspectiva estética e outras qualidades mais. Nada contra os críticos. Muito pelo contrário, até que me deixo levar bastante pelas opiniões da maioria deles, mesmo daqueles que escrevem para "O Globo", jornal que aliás eu assino embora de vez em quando sinta gana de jogá-lo na ponte que caiu (dizem que lá em Campos dos Goytacazes tem uma).

Além do mais, já tive meus sonhos juvenis de ter uma profissão onde eu me considerasse um privilegiado por ainda receber salário pra fazer algo que, de bom grado, eu faria de graça (e quem nunca teve esse tipo de sonho... os da minha geração queriam ser Antônio Guerreiro!). Cá entre nós, ser professor ainda me causa esse frisson, mas não digam nada a ninguém, principalmente ao Ministro da Educação, que pode querer me dar esse prazer de trabalhar de graça.

Mas não, de fato não sou e não quero ser crítico de cinema mas peço licença para pela segunda vez seguida comentar muito rapidamente nesse meu blog principiante (que a custo consegue se manter no ar... melhor dizendo, na teia) um filme que assisti no último fim de semana (09 de janeiro de 2011) no Estação Botafogo. Prometo que isso não será uma constante daqui pra frente. Até porque qualquer um de vocês encontraria blogs muito melhores onde encontrar bons comentários de filmes.

Mas não consigo deixar de comentar a última do Woody Allen. Trata-se do "Você vai conhecer o homem dos seus sonhos". O Woody Allen na minha juventude foi aquele diretor de cinema que me propiciou a vaidade pequeno-burguesa (dirão alguns!) de perguntar aos amigos: "quem é o diretor?". Se me respondessem qualquer coisa diferente de Godard, Fellini ou Woody Allem eu estava em maus lençóis... mas valia o risco apenas pelo charme que exalava...

Começando pela minha dificuldade de comprar o ingresso. Não foi fácil do alto da minha experiência macho-latina dizer pra moça da Bilheteria: "Você vai conhecer o homem dos seus sonhos" por favor... fiquei achando que ela podia pensar que eu estava fazendo um gracejo do tipo "qual o telefone do cachorrinho"... pior ainda foi sentir, no fundo no fundo, uma risadinha no seu rosto como quem dissesse: "nessa idade meu senhor???".

Vencida essa etapa existencial de, digamos assim, comprar os ingressos, entrei na sala de projeção. Aí que as coisas ficaram complicadas! De forma absolutamente caricata, o Woody Allen falou de quase tudo que um jovem de 56 anos conhece de viver ou de ouvir viver. E a caricatura meus amigos, dói mais do que faz cócegas!

Mas o que me chocou mesmo foi a idéia de como o sucesso prematuro pode destruir carreiras que, de outra forma, até poderiam ser bem sucedidas. Trata-se do personagem Roy (Josh Brolin), um médico que publica um livro de sucesso, abandona a carreira na medicina para se tornar um escritor e nunca mais consegue superar o sucesso do seu primeiro livro. Na verdade não consegue mais publicar nada que mereça o apoio de alguma editora. Detalhe do detalhe do detalhe, diria a amiga que assistiu o filme junto comigo. "Você não assistiu o mesmo filme que eu". E eu responderia: porque não é com você cara pálida!

Nos anos 70 eu era estudante de engenharia na UFRJ, morava em uma "pensão" na Rua São Sebastião no Ingá, e resolvi participar do primeiro concurso estadual de contos organizado pelo SESC, com a temática do Natal. Participei e tirei o primeiro lugar. O prêmio foi não sei quantos cruzeiros em livros da Livraria Diálogo. Passei umas três semanas escolhendo livros, presenteei todos os amigos até o terceiro grau e montei uma boa biblioteca pra mim. O problema foi o day-after. Conclui que já que começara tirando o primeiro lugar, nunca mais escreveria nada melhor. E assim encerrei a possível futura carreira de sucesso como escritor. Passei apenas a ser um leitor inveterado. Menos mal! Melhor um leitor inveterado do que um escritor frustrado.

Pois bem... e não é que o danado do Woody Allen vai ressuscitar em mim aquela saudade comprometedora de que tudo podia ser diferente se por acaso ao invés disso eu tivesse feito aquilo... Como diria o ex-futuro-provável tele-animador-filósofo-popular-elitista Lobão: chutou a cara do cara caído, traiu, traiu seu melhor, seu melhor amigo, bateu, corrente, soco inglês e canivete, e o jornal não para de mandar elogios de primeira página. Esquisito isso... parece flash da última campanha presidencial!!!

C'est la vie camarada... c'est la vie!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vivendo e aprendendo

No último fim de semana, mais precisamente no dia 1 de janeiro de 2011, fui assistir ao filme "A Rede Social", dirigido por David Fincher, e que conta a história do criador do Facebook, Mark Zuckerberg. As duas coisas juntas, o filme e o fato de ser o primeiro dia do ano, me incentivaram a retomar o meu sempre novamente abandonado blog.

Do lado de ser o primeiro dia do ano pesou aquela coisa de novos propósitos, uma renovada disposição para ter disciplina em todas as frentes de ação, incluindo a disciplina de cuidar melhor do meu blog. Coisa do tipo "de agora pra frente vou escrever mais sistematicamente!". Isso é bom, essa nossa capacidade de fazer, ou ao menos pensar que faz, um "ctrl+alt+del" todas as vezes que o nosso planetinha completa uma volta em torno do Sol. Quase dá pra cantar com o Roberto Carlos "daqui pra frente, tudo vai ser diferente, você tem que aprender a ser gente, o seu orgulho não vale nada...".

Do lado do filme, confesso que fiquei com uma certa inveja daquela espécie de "disciplina na indisciplina" que os meninos de Harvard têm, inclusive para escrever suas bobagens nos blogs. É como se escrevendo no blog eles estivessem planejando e executando simultâneamente suas vidas, numa espécie de superação em tempo real das dicotomias tipo teoria x prática, ação x reflexão, planejamento x execução.

Saí do filme com o metabolismo intelectual afetado. Quase aproveitei a passadinha no banheiro ou o banco da praça de alimentação do Plaza para sacar meu i-Phone e lascar um texto sem pensar muito. Ainda bem que eu estava acompanhado e fui dissuadido de tamanho "automatismo", ou "twittismo" por achar que qualquer 140 toques seriam suficientes pra conter a avalanche de mensagens que, ao menos subjetivamente, eu achava que tinha. Eu parecia o Charlie Chaplin saindo da fábrica e torcendo parafusos imaginários pelo meio da rua.

Enfim, se me contive naquele momento, a minha ansiedade continuou ainda pelos quatro dias que me separam daquela oportunidade e não houve Rivotril que desse jeito de contê-la. Por que a gente sente essas "comichões"? Por que desconfiamos que o novo ano vai ser muito melhor? Será que é porque temos a sensação de que "aprendemos" com o ano que se passou e "aprendemos" num sentido muito mais amplo do que aquele que normalmente damos à palavra, porque aprendemos vivendo e vivemos aprendendo?

Seja lá como for, que bom ter chegado até aqui! Que bom estar começando mais uma voltinha em torno do nosso Astro-Rei! Que bom saber que nessa nova voltinha vai ter verão, outono, inverno e novamente primavera e que os olhos que os verão terão eles mesmos sido alterados pelo aprendizado que tiveram no ano que passou. Tá certa a sabedoria popular quando diz "vivendo e aprendendo".

Um 2011 com muita vida e aprendizagem pra todos!