quarta-feira, 10 de março de 2010

Quem sabe faz a hora!

A Universidade Federal Fluminense vai eleger os seus novos Reitor e Vice-Reitor no próximo mês de maio de 2010, portanto daqui a um mês e meio. Essa parece ser uma eleição suis generis por algumas razões que passo a comentar.
Em primeiro lugar devem concorrer ao que tudo indica apenas duas candidaturas: a do atual Reitor (Roberto Salles) e a do Diretor do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (Francisco Palharini). Meu apoio explícito e engajado é pro Palharini, em oposição, portanto ao atual Reitor.
A universidade pública brasileira atravessa um momento riquíssimo de perspectivas positivas que, no entanto requer capacidade estratégica, comprometimento institucional, visão acadêmica e de gestão pública, compreensão dos desafios atuais da sociedade brasileira e suas inter-relações com a Universidade às quais vejo presentes apenas na candidatura do Palharini.
Vivemos apenas o início dessas perspectivas positivas quando o orçamento e a capacidade de investimento de todas as universidades públicas foram sensivelmente recuperados, a partir principalmente do segundo mandato do Presidente Lula. A nova capacidade de investimento disponibilizada a partir do REUNI (Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) colocou na UFF, por exemplo, recursos da ordem de R$ 142 milhões apenas para construção de prédios e laboratórios, autorizou concurso público para cerca de 500 novos docentes e 600 novos técnico-administrativos configurando uma expansão sem precedentes na história da universidade.
Tais investimentos, repita-se, generalizado por todas as universidades federais, constitui uma ação de governo em cumprimento a exigências do Plano Nacional de Educação que previa para o ano de 2010 a meta de 30% de jovens de 18 a 24 anos em universidades públicas. O projeto da UFF foi elaborado pelo conjunto das suas unidades acadêmicas (Faculdades, Institutos e Escolas) e se comprometeu com uma expansão de vagas discentes da ordem de 30%. Enfrentar e superar o desafio de expandir a universidade mantendo a qualidade do fazer acadêmico nas dimensões do ensino, da pesquisa e da extensão transcende em muito a mera execução de obras civis que tem sido “apontada” pela candidatura da situação como a sua “marca” para pleitear a reeleição.
A candidatura Palharini conseguiu reunir em torno de si, talvez pela primeira vez na UFF e apesar de um contexto explícito de forte pressão fisiológica e clientelista, marca essa sim da gestão atual, a grande maioria dos quadros progressistas da universidade com visão acadêmica e estratégica. É a oportunidade que a UFF tem de fazer um acerto de contas com sua história, elevando o seu padrão de gestão institucional ao nível de qualidade e competência do seu corpo docente e técnico-administrativo, que têm garantido na ponta uma ação institucional progressista apesar dos dirigentes reacionários que se apossaram do poder na Universidade.