Hoje pela manhã (24 de agosto de 2009) participei da cerimônia de assinatura do contrato de doação pelo Patrimônio da União de um terreno de 38 mil metros quadrados para a construção dos prédios para a expansão do Pólo UFF em Campos dos Goytacazes. A expansão da UFF em Campos projetará nossa universidade da atual situação de um único curso na cidade há quarenta anos (Serviço Social) para 7 cursos incluindo Ciências Econômicas, Ciências Sociais, Geografia, Direito, História e Psicologia. É um salto significativo que requereu muito esforço, planejamento, trabalho, convencimento, negociação, articulação política etc.
Fiz este depoimento nos breves minutos em que me foi concedida a palavra, reconhecendo o trabalho de tantas pessoas que batalharam e construíram essa história, tão bem representadas na Comissão Mista de Orçamento e Metas pelo ex-Diretor da Unidade e agora Diretor do Pólo de Campos, José Luis e da atual Diretora da Unidade, Profa. Leda. A servidora Marly por exemplo, num depoimento emocionado, lembrou do sonho, da luta e do empenho de tantas pessoas para se chegar a este ponto, afirmando que era impossível alguém estar mais feliz do que ela naquele momento.
Lembrei das felizes convergências, em perspectiva histórica, entre os esforços e sonhos pessoais e institucionais com políticas nacionais, como é o caso do Plano Nacional de Educação (Lei no. 10.172 de 09 de janeiro de 2001), que fixa metas de expansão do ensino superior público até o final da década que atenda a pelo menos 30% dos jovens na faixa etária dos 18 aos 24 anos, exigindo que o setor público tenha uma participação nunca inferior a 40% do total. Lembrei também do REUNI (investimento público de R$ 2,4 bilhões), que veio atender parcialmente essa exigência do PNE e da feliz coincidência dele encontrar uma UFF já engajada há anos em um Plano de Desenvolvimento Institucional que tinha como eixo central “a expansão de vagas e a melhoria qualitativa dos cursos”.
Essas coisas têm que ser lembradas em perspectiva histórica para que não se caia na pequena história provinciana e míope, na esparrela de que tudo é questão de um gestor-despachante influente, na perda total de horizonte estratégico, levando a universidade pública a uma categoria rebaixada de “sucupira” tardia, caricata, sem debate público, sem transparência e sem democracia. Em tempos de crise na mais alta instância política do país, o Senado Federal, cujos elementos mais importantes passam por um ainda não devidamente dissecado modelo de gestão fundado no compadrio, na troca de favor e no poder coronelista de travar ou deixar andar processos e benefícios, que acaba por enredar tanta gente boa, é bom colocarmos a barba de molho. Se a universidade pública não pode ser a vanguarda da construção de um novo paradigma de gestão, que ao menos ela não seja também o atraso. Mais do que simplesmente possível, é absolutamente necessário que o crescimento seja acompanhado da democratização, da inclusão e da transparência.
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Obrigado, Emmanuel. Me lembro do trecho do seu discurso em que falou que contribuimos para mudanças na compreensão de alguns colegas da UFF/Niterói, a respeito do que é a interiorização. Interiorização é descentralização; a descentralização é necessária no processo de urbanização (desmetropolização), de desenvolvimento econômico (despolarização), de desenvolvimento cultural (diversidade, multiculturalismo,democracia cultural) e de desenvolvimento político (democracia direta, protagonismo da periferia, etc.). Precisamos de um desenvolvimento multipolarizado, enraizado em culturas, práticas, heranças e potencialidades articuladas nas diversas escalas (até para fugir da falsa dicotomia localXglobal).
ResponderExcluirObrigado pela sua generosidade; sentimo-nos parte de uma grande vertente na UFF de obstinados e utópicos.
José Luis
É lamentável verificar de perto (muito mais do que gostaria estar) que a prioridade da universidade pública seja a política com "p" minúsculo, como diria meu querido ex-professor Ari, do departamento de Ciência Política desta instituição de ensino. Denominação esta que gera redundâncias e espantos quando nos deparamos com a reailidade da politicagem sobrepondo-se (e muito!) a qualidade acadêmica.
ResponderExcluiromo ex-aluna vejo com olhos tristes a indecência dos dirigentes desta istituição, que muito bem foram comparados àqueles outros, do nosso repugnante Senado.
Como educadora pergunto-me que importância tem o ICG ou o resultado do ENADE para esses mesmos dirigentes que pouco se importam com a formação profissional e cidadã que deveriam estar desenvolvendo ao invés de maracutais e cala-bocas com CD.
Como ex-funcionária (sim! desvinculei-me da casa por não suportar a sodidez política) continuo a observar muito de perto que o coronelismo e a centralização não fazem parte apenas dos pólos do interior, por questões históricas da formação dos mesmos, bem como das cidades que os acolheram.
Falando especificamente de Volta Redonda, cunhei a EEIMVR (hoje PUVR, como um todo) de Sucupira Fluminense, logo que aqui cheguei. Hoje entendo não apenas este pedaço da UFF como uma criação de Dias Gomes, mas toda a instituição. Seus Odoricos estão espalhados e espelhados na macropolítica partidária brasileira. Com sua oligariquias usufruem do poder coronelesco para cumprirem a única missão que talvez lhes caiba: poder único e absoluto.
Lamento ser pessimista, mas não creio que a eleição do ano que vem, memso que a máquina mude de mão, transforme muita coisa. Na reitoria, no PUVR, em qualquer outra instância.
Como bem sabemos, cultura é coisa difícil e demorada de ser modificada. Leva muito tempo.
Logo, isso é umaempreitada para aqueles que tem estômago de sobra para tal intento (eu não tive).
Assim, espero sem otimismo algum que um dia a política se transforme em Política, sabendo que "é preciso ter estômago, pois apolítica universitária talvez mais suja do que a política partidária" (citando um dos grandes coronéis que conheci por essas bandas.
Abraços Emmanuel. E parabéns por esse espaço.
Aline Moraes
desculpem os erros de digitação. Meu teclado está em péssimas condições (coisas do serviço público federal também)
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